Como empresas podem transformar o ambiente de trabalho com mais empatia, promovendo a saúde mental e valorizando a vida

Setembro Amarelo, a campanha nacional de prevenção ao suicídio, convida também empresas, gestores e colaboradores a uma reflexão crucial: a valorização da vida e o cuidado com a saúde mental no ambiente de trabalho. Em um cenário onde o mercado frequentemente privilegia a produtividade e resultados de curto prazo, falar sobre saúde emocional e os impactos das dinâmicas empresariais no bem-estar dos indivíduos é um ato de responsabilidade social e humana.
Acreditamos no valor da individualidade humana e no poder da promoção de iniciativas que buscam não apenas resultados, mas também qualidade de vida, relações saudáveis e ambientes corporativos mais humanizados. Prevenir e cultivar a saúde mental de quem nos cerca é um compromisso empático com o próximo, e isso se estende também a empresas.
Saúde mental: mais que um tema, uma urgência no mercado de trabalho
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por su*cídio a cada ano, sendo esse um problema de saúde pública global. No cenário empresarial, os casos de ansiedade e depressão dispararam nos últimos anos, em parte devido ao aumento da pressão por resultados, ambientes tóxicos de trabalho e o medo de substituição por tecnologias como a inteligência artificial.
A gestão abusiva, caracterizada por cobranças excessivas, falta de reconhecimento e comportamentos desrespeitosos, é um fator amplamente ligado ao desgaste psicológico dos colaboradores. Quando um líder não prioriza a saúde mental e o bem-estar da equipe, o impacto vai muito além da produtividade. Para muitos trabalhadores, isso pode significar o início de um ciclo de esgotamento emocional, isolamento e crises psicológicas.
No entanto, há caminhos para transformar essa realidade. A promoção de uma gestão empática, a quebra de ciclos abusivos e a construção de relacionamentos saudáveis dentro de uma empresa são práticas que salvam vidas e geram resultados sustentáveis.
Quando as empresas adotam práticas que motivam a autorrealização de seus colaboradores — como oferecer oportunidades de crescimento pessoal, incentivar a criatividade e respeitar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional —, o trabalho deixa de ser um fardo e passa a ser uma fonte de significado. Além de melhorar a qualidade de vida, isso cria times mais engajados e inovadores.
A importância da gestão empática
A gestão empática começa com líderes que priorizam as pessoas, entendendo que cada colaborador tem uma história, desafios e limites próprios. Segundo estudos do Harvard Business Review, empresas com uma cultura organizacional baseada em empatia apresentam maior retenção de talentos, satisfação dos colaboradores e melhor performance.
Gestão empática não significa ausência de resultados, mas sim uma liderança pautada por respeito, escuta ativa e valorização das contribuições de cada membro do time. Um exemplo prático é adaptar cobranças conforme a realidade de cada colaborador, promovendo feedbacks construtivos e priorizando o bem-estar em momentos de crise.
Rompendo ciclos abusivos e prevenindo o esgotamento
Infelizmente, muitas empresas ainda mantêm dinâmicas abusivas, nas quais o valor do colaborador é reduzido à entrega de resultados. Romper com esses ciclos requer coragem por parte dos líderes e engajamento coletivo. O primeiro passo pode ser revisar políticas internas, como jornadas de trabalho mais flexíveis ou, ao menos, justa e confortável, criação de canais de escuta — onde os colaboradores possam expor suas dores sem medo de retaliações — e o investimento em programas de bem-estar.
Práticas preventivas para evitar o esgotamento profissional incluem workshops sobre saúde mental, incentivo à prática de exercícios físicos, mindfulness e até mesmo a oferta de psicoterapia como benefício corporativo. Apoiados nessas ações, as empresas podem contribuir para um ambiente no qual as pessoas se sintam vistas e valorizadas além de seus números e metas.
É claro que nem toda empresa pode investir em ações como essas, mas o “básico bem feito” pode ser uma solução eficaz para prevenir traumas: ouvir os colaboradores, contextualizar as questões de acordo com suas realidades e compreender que uma empresa é feita de seres humanos individuais e sensíveis.
A integração da tecnologia no ambiente de trabalho
Outro tema relevante é o impacto da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho. Embora as novas tecnologias possam gerar insegurança sobre a substituição de mão de obra, elas também oferecem oportunidades para automatizar tarefas rotineiras e liberar os profissionais para se concentrarem em atividades mais estratégicas e criativas.
O segredo está no equilíbrio. Quando empresas investem em treinamento para capacitar seus colaboradores a trabalhar em sinergia com as novas tecnologias, a transição se torna menos assustadora. Em vez de enxergar a IA como uma ameaça, líderes podem posicioná-la como uma aliada para aliviar a carga de trabalho e estimular a produtividade saudável.
Uma mensagem para todos: sua vida importa
Seja você CEO, gestor, colaborador ou em um momento de busca por emprego ou recolocação, a mensagem do Setembro Amarelo é a mesma: sua vida importa. Cuidar da saúde mental é uma prioridade, e encontrar apoio nos momentos difíceis é fundamental. Ninguém precisa enfrentar suas batalhas sozinho, e existem recursos disponíveis para ajudar.
O
Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza um trabalho essencial na prevenção ao su*cídio, oferecendo apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia. Você pode entrar em contato pelo telefone
188 ou acessar o site
www.cvv.org.br.
Vamos juntos, como empresas, líderes e seres humanos, construir um mundo onde a valorização da vida esteja no centro das nossas escolhas. Porque cuidar das pessoas é, acima de tudo, a melhor forma de transformar o futuro.